quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A comunição dos macacos.

No passado, não viam semelhança alguma entre a comunicação entre os chimpanzés e a que nós, seres humanos, fazemos entre nós. Gritos e grunhidos em nada se assemelham à fala humana.
Mais uma vez foi o pioneiro Roger Fouts quem atinou com um erro no caminho seguido pelos cientistas: o canal de comunicação que eles empregavam. Roger Fouts observara com justeza, que os macacos não empregavam as suas mãos só para fabricarem utensílios e ferramentas, eles as usavam para se "comunicarem" uns com os outros também!

O interessante, o notável, é que esta comunicação é visível, tensa e expressiva, principalmente observando-se os primatas em liberdade nas selvas. Os chimpanzés possuem gesticulações muito claras: vários gestos significam, incontestavelmente: "Venha comigo" , "Posso ajudar"?, "Você é bem-vindo", outros há que indicam pedidos de ajuda, de comida e de estímulo.

Guiados pelo exemplo de Roger Fouts, vários outros psicólogos passaram a criar chimpanzés "à moda" do seu colega: nas suas casas e em liberdade. Os estudos prosperam rapidamente com estas iniciativas e foram assim confirmadas todas estas observações já descritas.

Os psicólogos resolveram se comunicar com a sua família chimpanzé através do ASL (American Sign Language). A linguagem criada pelos próprios surdos de nascença, para se comunicarem entre eles e com as pessoas sem problemas auditivos. Foi a necessidade premente destes deficientes auditivos de se comunicarem inteligivelmente o que originou e fez evoluir este sistema natural de comunicação. É importantíssima esta avaliação e este conhecimento para o que explicaremos em seguida. "Este sistema já existe durante, aproximadamente, 150 anos e tem a sua origem nas diversas linguagens de sinais européias e foi se desenvolvendo com o uso que os surdos dela fizeram no decurso de vários séculos".
A característica básica do ASL é a sua flexibilidade, a exemplo da linguagem falada. Seus elementos básicos repousam "em configurações, colocações e movimentos das mãos, que podem ser combinados para formar um número infinito de sinais que equivalem às palavras. A ASL tem suas próprias regras para organização de sinais em orações, e faz uso de uma gramática visual sutil e complexa, muito diferente, por exemplo, da gramática do inglês".

Pois foi exatamente através desta linguagem, ASL, que os psicólogos iniciaram a sua comunicação com os chimpanzés, tratando-os como seres dignos de se comunicarem e aprenderem conosco, seus primos-irmãos.

Os psicólogos começaram a empregar o ASL no trato com a sua família adotiva de chimpanzés. O fito básico do experimento era um aprofundamento maior da linguagem, com a aquisição de vocabulário e gramática ASL, para que os primatas fizessem perguntas, comentassem as suas experiências e fomentassem suas conversas. Assim se abriria um novo e suculento canal de novas descobertas para os cientistas.

"Washoe" foi a mais famosa "filha adotiva primata" do psicólogo pioneiro, Roger Fouts. Aos quatro anos de idade Washoe se comunicava, perfeitamente, em ASL com o seu "pai" e membros da família , da sua "família humana", como o faria uma criança humana aos dois, três anos de idade.

Afetuosamente, Washoe brindava os seus pais com boas vindas gentis, usando de um verdadeiro dilúvio de mensagens - Roger corra, venha me abraçar, me dar comida, me dar roupas, por favor, lá fora, abrir porta.

Washoe conversava com as suas bonecas e os seus brinquedos, como o fariam as crianças humanas da sua idade e fazia solilóquios consigo mesma.

Fouts avaliou: "O espontâneo tagarelar com as mãos de Washoe foi o mais forte indício de que ela usava a linguagem da mesma maneira que as crianças humanas... O modo pelo qual (ela) movia as mãos continuamente, como uma sociável criança surda, fez com que mais de um cético reconsiderasse a sua empedernida noção de que os animais são incapazes de pensar e de falar".

Um fator impressionante: quando teve um filho, Washoe o ensinou a comunicar-se, também, em ASL e constituindo depois uma família, composta por três outros chimpanzés de várias idades e o uso desta linguagem entre eles tornou-se constante!
Roger Fouts e sua esposa e colaboradora, Deborah Harris Fouts passaram a manter animadas conversações e entrosamentos com a sua família primata. Filmes dos "momentum" diários da família de chimpanzés de Washoe, a matriarca, mostram-na distribuindo cobertores, brincando, tomando o "breakfast" e preparando-se para dormir.

"Os chimpanzés faziam sinais uns para os outros até mesmo em meio aos gritos das brigas de família, o que deixa claríssimo que a linguagem de sinais se tornara uma parte inalienável da sua vida mental e emocional". Roger Fouts - psicólogo e pioneiro deste estudo.

Com o prosseguimento desta vida "em família", as conversas de sinais tornaram-se tão transparentes que, em noventa por cento das vezes, especialistas em ASL, sem o conhecimento das opiniões de uns e de outros, concordavam quanto ao sentido das "conversas gravadas em vídeo".
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ppvnf
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Nenhum comentário: